Arquiteto /Performista / Instalacionista / Desenhista / Pintor / Fotógrafo

 

Nasceu no final da guerra, em março de 1945, em Ribeirão Claro no norte velho do Paraná, onde permaneceu até os anos 60. Embora a família não tivesse inclinações artísticas, já neste período teve seu primeiro contato com a arte; frequentou aulas de pintura e fez seu primeiro trabalho: a reprodução de uma obra de Cézanne.

Em 63 iniciou sua carreira profissional, trabalhando em um Escritório de Arquitetura o que o incentivou a seguir carreira na área. Paralelamente, frequentou curso superior em Belas Artes, tendo sido presidente do Diretório Acadêmico Guido Viaro, da EMBAP.

Lecionou desenho durante muitos anos para alunos do ensino médio e desenho industrial para alunos do ensino técnico. Graduou-se no Curso Superior de Pintura pela Embap, em 1970. No ano seguinte, passou a lecionar História da Arte para o curso de Artes Plásticas na Escola de Arte Alfredo Andersen e na Faculdade de Educação Musical e Musicoterapia do Paraná

Sua primeira Exposição Individual aconteceu em 1970 em Ribeirão Claro. A propósito do trabalho apresentado, Adalice Araujo escreveu : « Atração e repulsão é o nosso problema de vivência, e é o tema que Lauro escolheu com absoluta unidade de conjunto nesses 20 desenhos que constituem sua primeira mostra individual. Este relacionamento da arte de Lauro com nossa análise introspectiva faz com que o classifiquemos em poucas palavras como : um artista de nossa época ».

Entre 1967 e 1972 realizou diversas exposições individuais e coletivas e teve um papel decisivo ao apoiar o Projeto “Encontros de Arte Moderna – os conceitualismos no Paraná”, de autoria de Adalice Araujo em colaboração com Ivens  Fontoura, projeto este de fundamental importância para a introdução da Arte Contemporânea no Paraná.

http://www.mac.pr.gov.br/arquivos/File/mac_2011/mostra_do_acervo.pdf

Vários contatos importantes foram realizados neste período, como por exemplo com os professores e criticos de arte Frederico Morais e Roberto Pontual, que facilitou o acesso a informações sobre o que estava sendo realizado em outras capitais brasileiras, notadamente em São Paulo e Rio de Janeiro.

Começa a fazer instalações nos anos 70, participando de diversos Salões de Arte. Seu trabalho como artista plástico amadurece e caracteriza-se pela ousadia. Em 72 fez uma instalação/performance em Curitiba, na Praça Zacarias, que consistia em um desenho de 3 metros na calçada – ao final do evento, apropriou-se de um pedaço da tal calçada. Sua preocupação básica foi de criar um estímulo/reação no transeunte, tirando-o de sua rotina. A fotomontagem documentando o evento – relizada pelo fotógrafo Márcio Santos, juntamente com as pedras do calçamento apropriadas pelo artista – foram expostas no II Salão de Artes Visuais/73, no Saguão da Reitoria da UFRGS (Porto Alegre). Este trabalho foi exposto novamente em 2010 no Museu da Gravura.

Também realizou a exposição Paisagens/Borboletas Equilíbrio que pode ser citada como um dos eventos interativos de sua carreira, tendo forrado o chão da galeria com folhas de eucalipto, fazendo com que o público pudesse experimentar seu aroma e utilizado como música ambiente cantos de pássaros e as Bachianas Brasileiras.

Sempre inquieto politicamente, fez para sua participação na Exposição Brasil Plástica/72 – na pré-bienal de São Paulo uma performance oferecendo bananas ao publico, durante o coquetel de abertura do evento, em uma elegante bandeja de ágata – era seu sentimento em relação ao slogan do Governo Médici : Brasil : Ame-o ou deixe-o!

Esta inquietude influenciou também a exposição feita para o evento de comemoração dos 25 anos do Salão Paranaense. A obra era composta de um grande cubo, com quadrados (vazados ou não) em seu interior e no centro de tudo um pedestal com uma panela preta, fechada com cadeado, foi intitulada “panela cultural”Seu trabalho, foi inúmeras vezes recusado, por seu caráter avanguardista e questionador.

Em 1979 realizou a exposição Manifesto I, na Galeria de Arte Acaiaca em Curitiba/PR e participou na 14° Bienal de São Paulo. De 1980 a 1985 participou em diversas exposições coletivas incluindo: 3° Salão Nacional de Artes Plásticas – INAP, no Rio de Janeiro; 4° Salão de Arte do Iguaçu; 37° Salão Paranaense, em Curitiba; e Mostra do Acervo CCBEU, no Centro Cultural Brasil Estados Unidos, em Curitiba.

Sua produção artística foi reduzida no período compreendido ente 1987 e 2000, tendo concentrado-se em sua carreira de arquiteto no Tribunal de Justiça. Muitos questionamentos e embates entre o arquiteto funcional, que pensa mais no conforto do usuário do que na estética de seu trabalho e o artista provocador, sempre oposicionista, vanguarda. 

Lauro observa que o homem utiliza o desenho como forma de expressão desde seus tempos mais primitivos. Um risco na caverna, o grafite sobre o papel, o rastro da passagem de um avião pelo céu.... desenho efêmero, mas desenho, e para perpetuá-lo, somente a fotografia. Foi após sua aposentadoria que a arte voltou ao seu dia-a-dia em tempo integral. Tendo resolvido fotografar ele mesmo suas obras iniciou um curso de fotografia. Novas portas se abriram !

Após muitas participações em cursos, variando da arquitetura de interiores, patrimônio arquitetônico à pericia em arte e fotografia, Lauro conclui que as vertentes de seu trabalho e de sua arte não são antagônicas. Muitos anos foram necessários para compreender que a dicotomia era parcial e que ambos os trabalhos tem semelhanças em seu acabamento e apresentação, semelhanças estas que podemos resumir em um cuidado e respeito pela qualidade.

A arquitetura é um universo de interferência e intervenção com o ambiente – assim como a arte. Ambas são constantes no trabalho artístico de Lauro, nos seus desenhos, em sua mistura de fotografia analógica e digital, na utilização do sagrado e profano vermelho em suas imagens PB. A diferença de objetivo não anula este vetor de processo. É este pensamento que liga as fases de sua vida profissional e pessoal : pensar, interferir e provocar.

Seu trabalho tem sido integrado em diversas exposições. Em 2010, obras pertencentes ao Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, em Curitiba/PR, foram mostradas na exposição « O Estado da Arte », no Museu Oscar Niemayer. Mais recentemente participou de duas exposições em Florianópolis/SC: Scott MacLeay e Convidados : O Caminho para Florianópolis, no Espaço Lindolf Bell, CIC; e Perspectivas, na Helena Fretta Galeria de Arte.

Artista visual contemporâneo, Lauro Andrade continua sua investigação pessoal, através de sua participação em cursos e festivais, em viagens exploratórias pelo Brasil, pelas Américas e pela África e ainda pela sua criação artística, sempre inovadora e ousada e, por vezes, polêmica.